Tecnologia

14.08.2021

Metaverse-se, Bolsonaro.

>>> Moisés Rabinovici

A tecnologia está alcançando um patamar em que pode livrar o Brasil de Bolsonaro, dando a ele o mundo que ele sonha viver e governar: o STF, o Congresso e as Forças Armadas sob seu comando; tortura e execução para os inimigos; Donald Trump de volta à Casa Branca; e longos passeios de motocicleta com multidões o aplaudindo de bandeirinha na mão.

O anúncio dos novos tempos foi feito em junho pelo CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, a seus funcionários. O nome da nova iniciativa é antigo: Metaverse — cunhado em 1992 por Neal Stephenson para seu romance de ficção-científica Snow Crash. Está na manchete de hoje do jornal francês Libération (foto). Foi explicado pelo New York Times no início do mês.

Mas vamos lá: o que é Metaverse? Começando pela definição mais simples e ampla: será o universo paralelo do qual os internautas poderão fazer parte. Por exemplo: teleconferência? Não: reunião “presencial”, embora virtual. Num ensaio de Matthew Ball, estrategista de inúmeras grandes empresas, Metaverse é uma ponte entre os mundos físico e virtual que oferece capacidade sem precedentes de interoperar, ou de trabalhar em conjunto, e de levar bens ou coisas de um lado em metaverse para o outro. Em resumo: qualquer pessoa poderá entrar na internet e criar o seu mundo particular. No caso de Bolsonaro, “o meu Exército”, ou “o meu Brasil”. Lá, Manuel Bandeira viveria a sua Pasárgada.

A Metaverse está em obras no Facebook, mas deverá abranger muitas outras emopresas que dão vida e desenvolvem a internet. Nas palavras de Zuckerberg:

“Você pode pensar no Metaverse como o sucessor da internet móvel. Não é algo que qualquer empresa vai construir, mas virá da parceria com muitas empresas, e criadores e desenvolvedores. Você pode pensar no metaverso como uma internet incorporada, onde em vez de apenas visualizar conteúdo — você está nele. E você se sente presente com outras pessoas como se estivesse em outros lugares, tendo experiências diferentes que você não poderia necessariamente fazer em um aplicativo 2D ou página web, como dançar, por exemplo, ou diferentes tipos de fitness.”

Entusiasta das redes sociais, Bolsonaro deverá ser dos primeiros a aderir o Metaverse e ter o seu mundo próprio, onde poderá fazer o que quiser, sem ferir o Brasil real em que vivemos. Obrigado, Zuckerberg. Lance o mais rápido possível o Metaverse