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Economia

Paris au mois d’août

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Se Paris já esvazia no mês de agosto — o mês por excelência das férias — o dia 15 é o vazio no ermo. Hoje é feriado (Assunção de Nossa Senhora). Paris está às moscas — e nem posso dizer “às gralhas”, porque elas, que eram a única coisa viva que se via nos confinamentos mais estritos do ano passado, pelo visto também debandaram.
Não tem vivalma no prédio. Abro a janela e ouço o silêncio absoluto. Não tem vivalma na rua. Carros sumiram. Na feira aqui perto, havia, se tanto, dez barracas. Não reclamo. Sempre gostei dos 15-Août em Paris. Nos anos 70 e 80, aí mesmo é que Paris parecia cidade-fantasma. Em geral era o dia em que eu voltava das férias. E me deparava com tudo fechado: lavanderia, padaria, bar, farmácia, peixaria.
Nesses anos de antigamente, o turismo não era suficiente para deixar lojas e restaurantes abertos. Turistas, neste ano pandêmico, até que tem um pouquinho: não os 10 milhões que pululavam nas ruas de Paris em 2019, antes da crise sanitária, mas, mesmo assim, já 3,6 milhões de viajantes que passaram por aqui neste verão de 2021 e de exigências de Certificado de Vacina.
Antigamente, o vazio da capital era tanto que Claude Lelouch pôde filmar essa corrida alucinada, ele ao volante, a 180 quilômetros por hora, pelas ruas de Paris (quem ainda não viu, vale a pena dar uma olhada no link).
Hoje, andando pela cidade deserta, lembrei da música do Aznavour, trilha sonora do filme “Paris au mois d’août”. Ele faz o papel de um vendedor da Samaritaine que ficou sozinho em Paris enquanto a família saiu de férias. Encontra uma inglesinha que se apresenta como modelo que veio a Paris fazer um portfolio. Amor à primeira vista… E lá vai ele cantando: “Cada rua, cada pedra, pareciam ser só nossas, estávamos sozinhos na Terra, era Paris em agosto”. Isso mesmo, Aznavour! O affair do filme estava condenado a acabar no fim das férias. Tomara que os casais que se encontrarem hoje consigam prolongar os amores estivais, e não tenham que cantar como o Aznavour: “Varrido por setembro / nosso amor de um verão / tristemente se desfaz / e morre no passado.”

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