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Cultura

Paris? Qual o quê! Gália Romana

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Parisiense que nada! Foi o que pensei hoje quando fui bater perna e passei por uns vestígios de mais de vinte séculos que se escondem aqui e ali na cidade. Sim, porque este meu cantinho pode até ter seu chiquê parisiense, mas é medularmente galo-romano. Aliás, é “o” arrondissement de Paris em que houve uma colônia romana. Talvez até, vá saber!, meus vizinhos fossem o Obelix e o Asterix, que em suas casas redondas prepararam a poção mágica e deram no pé quando os romanos chegaram.
Senão vejamos: antes de ser Paris, Paris se chamava Lutécia. Habitada pelos celtas Parisii (a tribo do Asterix), que moravam na ilha de la Cité e até foram citados no best-seller de Julio Cesar, o famoso “As Guerras da Gália” que a gente estudava na aula de latim. Estamos falando do ano 50 antes de Cristo: foi quando Julio Cesar anexou a Gália e para cá mandou romanos muito competentes. Foram eles que construíram uma cidade bem ajeitadinha, na margem esquerda do Sena, justamente nas encostas da montanha Sainte-Geneviève, onde morei ao chegar a Paris há muitos e muitos anos e onde moro hoje. A então Paris galo-romana não era tão importante como outros burgos anexados pelo império, mas chegou a ter 8 mil habitantes: meus antigos vizinhos!! Eles iam ao Forum resolver suas pendengas — ainda visível no centro do mapa abaixo, mas destruído pelos bárbaros –, iam ao teatro, às termas, ao circo, tinham os melhores ateliês de esculturas (como essa base de coluna do século I)
Bem, eu falei em vestígios mas não são tantos assim. Os romanos construíram muito, mas as invasões sofridas depois da queda do império não deixaram, por aqui, muita coisa de pé.
Ainda assim, nessa voltinha que dei pela Gália-Romana peguei umas ruelas onde, tenho certeza, os soldados romanos gastaram muita sola de sandália. Podiam estar indo ao outro teatro que havia na rue Racine, ou às termas de Cluny, ou às do atual Collège de France, ou às da Gay-Lussac. Certamente palmilharam a rue Saint Jacques, que manteve o mesmo traçado de quando era a estrada para Roma (visível no mapa, em eixo nordeste-sudoeste). Em todos esses pontos há muros romanos, aquedutos, subterrâneos para as caldeiras, vestígios de um sofisticado sistema de calefação urbana.
Terminei a voltinha nas Arenas (no mapa, à direita), bem aqui ao lado. Datam do ano 200 e são o monumento mais velho de Paris (não contando com o obelisco da Concorde, que um rei do Egito deu ao Napoleão). Lá não se matava cristão, mas se montava muito espetáculo de circo e de teatro — até hoje, aliás. Por volta do ano de 280, Paris foi ameaçada pelos bárbaros e o que fez a plebe romana? Desmontou muros inteiros das Arenas e levou as pedras para fazer uma barricada em volta da ilha da Cité. Depois as Arenas caíram no abandono e só foram descobertas no século 19.
Acabou-se o passeio. Ou, como diriam os meus romanos vizinhos de bairro: In pretium est.

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