Internacional
10.09.2021
….O sorriso de Belmondo
Quem diria! Jean-Paul Belmondo, que morreu na segunda, será hoje homenageado como um dos grandes da Pátria — no pátio de honra dos Invalides, onde tradicionalmente são velados generais e marechais ou os que (como o comandante Jacques Cousteau, há uns anos) tenham de alguma forma contribuído para uma das três armas militares.
E mais um “quem diria!” quando se pensa que foi Emmanuel Macron — o jovem presidente que chegou ao poder aos 39 anos — que “desmilitarizou” o pátio dos Invalides. Lá prestou homenagem nacional a personalidades públicas e incontestes na direita e na esquerda do espectro político , como o escritor Jean d’Ormesson, o cantor Charles Aznavour, a política Simone Veil, e agora Belmondo. Na cerimônia de hoje, às 16h30 (11h30 do Brasil), lá estarão a família e os amigos de Belmondo, enquanto nos gramados da Esplanada dos Invalides haverá telões para os mil primeiros “populares” (e vacinados) que chegarem.
Entre os convidados, a querida Cristiana Reali, filha dos maiores amigos que fiz na França — o jornalista Reali Jr e minha notável Amelia. Cris trabalhou várias vezes com Belmondo. Juntos fizeram o filme “L’inconnu dans la maison”, de Georges Lautner, lançado em 1992. No filme, Cris era filha de Belmondo. Depois, fizeram no teatro “La puce à l’oreille”.
Aliás, foi quando apresentavam esse clássico de Feydeau que Belmondo perdeu a mãe, a quem era muito ligado. Naquela noite, todos no teatro ficaram inquietos, achando que ele não apareceria.. Cristiana já se preparava para contracenar com outro ator quando Belmondo chegou. E para espanto geral, explicou: “Tenho certeza de que ela queria que eu viesse. Há o público, há a sala lotada, não posso abandoná-los.” Baita profissional! Que — conta Cris — ensinava aos mais moços as boas razões de se fazer teatro: a alegria, a comunicação, a empatia.
A família não queria uma cerimônia tão solene como será a de hoje, mas Brigitte Macron intercedeu para que aceitassem. Os amigos dizem que Belmondo gostaria, mesmo, é de chegar de helicóptero, dar uma rasante nos Invalides, jogar ali no pátio um caixão — vazio, é claro — e levantar voo, dando lá do alto dos céus de Paris uma de suas inconfundíveis risadas