Internacional
02.10.2021
Como serão as guerras da nova era digital
O jornal israelense Haaretz publica um artigo que dá a visão do que serão as próximas guerras, com base em conceitos do atual comandante da Unidade 8200 das Forças de Defesa de Israel (IDF).
O comandante é identificado apenas por “Y”. Talvez ele seja o primeiro na ativa a publicar um livro sobre um dos mais importantes segredos do arsenal israelense para as próximas guerras, à venda na Amazon com o título “The Human Machine Team”.
Y escreveu o livro quando estava na National Defense University, em Washington. Leia um trecho explicativo publicado pelo Haaretz:
“Estamos apenas no limiar da aceleração da Era Digital. O resultado é que grandes empresas e organizações, incluindo agências de inteligência, serão obrigadas a melhorar o trabalho conjunto de pesquisadores e sistemas de computador. Uma máquina pode usar big data para gerar informações melhores que os humanos. No entanto, uma máquina não consegue entender o contexto, não tem sentimentos ou ética, e não consegue pensar ‘fora da caixa’. Portanto, em vez de priorizar entre humanos e máquinas, este livro é sobre a Equipe de Máquinas Humanas (‘supercognição’) e sobre a colaboração entre inteligência humana e inteligência artificial.”
Um exemplo dado pelo comandante Y tem por base o ataque à sinagoga de Pittsburgh, em outubro de 2018, que matou 11 fiéis. O atentado simplesmente não teria ocorrido se um alarme detectasse um celular desconhecido na vizinhança da sinagoga. O atacante tinha tirado uma licença para comprar armas meses antes, ao mesmo tempo em que publicava mensagens antissemitas nas redes sociais. Um computador teria ligado as informações, posto o homem em lista de observação, e uma câmera da sinagoga, com reconhecimento facial, o identificaria e daria o alerta também para a polícia.
Y diz que nem 20 mil analistas com 20 mil anos de tempo teriam ligado os pontos para montar o perfil do suspeito. Ele lembra que estamos numa era em que esses lobos-solitários fazem a maioria dos atentados. Foi com a análise do caráter da série de ataques a faca em Israel que foi possível interrompê-la. As máquinas detectam anomalias em vastos bancos de dados, e os humanos os examinam.
A “capacidade da máquina de realizar a cognição humana, combinada com a capacidade da equipe homem-máquina de aprender em conjunto e pensar juntos criará um novo mundo” — explica o comandante Y. Já para uma guerra, é preciso acrescentar o poder dos drones em mapear os arsenais do adversário. O Hezbollah, no Líbano, disparou 40 mil mísseis contra Israel, em 33 dias. Num próximo conflito, terá a capacidade de disparar milhares de mísseis todos os dias, alguns deles de alta precisão. O que as IDF estão fazendo é estreitar a conexão entre o fogo (ataques) e inteligência artificial (banco de dados) para uma resposta imediata, em tempo real, sem atingir a população civil onde, em geral, estão instalados os lançadores de mísseis.