Redes Sociais
28.10.2021
A MAIOR DITADURA DA TERRA
>>> MR
Os 2 bilhões e 900 milhões de pessoas que visitam o mais populoso país virtual da Terra, o Facebook, ajudaram a criar um monstro. Ele pode inflamar um protesto, como o que resultou na invasão do Capitólio, em Washington. Pode decidir eleições. Acirrar conflitos. E o poder está nas mãos de um homem só, Mark Zuckerberg.
O Facebook nasceu como uma ferramenta para conectar estudantes, em 2004, em Harvard. Dois anos depois, recebeu o que foi chamado “news feed”, um noticiário entre amigos. E em 2009, o botão de compartilhamento, através do qual um boato corre o mundo instantaneamente. Aí surgiram os emojis like, love, haha, wow, sad e angry (amor, riso, espanto, tristeza e raiva)
Os engenheiros do Facebook constataram que o emoji raivoso atraía mais gente que o like. Foi assim que formataram um algoritmo sensível a 10 mil sinais na correnteza de informações que corre por suas páginas. Os botões que expressam emoção valem 5 vezes mais um like. Por essa métrica, o Facebook personaliza o que cada um vê, em mais de cem línguas. A audiência é moldada pela ditadura do algoritmo. Quanto mais gente, mais dinheiro. No último trimestre de 2020, a renda do Facebook foi de quase 28 bilhões de dólares.
A ex-gerente do Facebook Frances Haugen passou ao senado americano e ao parlamento britânico milhares de documentos comprovando o uso do algoritmo para ganhar dinheiro, sem importar as consequências. Os esforços para coibir abusos e desinformação chegam a 84 por cento nos Estados Unidos e a 16 por cento para o resto do mundo, inclusive o Brasil, Índia, França, Itália e Japão. Um consórcio de 36 jornais internacionais está publicando os papeis do Facebook. O algoritmo já foi modificado para dar peso igual à raiva, à tristeza e aos likes. Mas só isso não basta. Como diz o título da série de reportagens no Washington Post, o Facebook está sob fogo.