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À mesa com Balzac

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— Dos muitos livros que traduzi para a Penguin, tenho um xodó pelos Balzac. Fiz uns três ou quatro de seus grandes romances, como “O Pai Goriot” e “Ilusões Perdidas”.
E de tanto traduzi-lo, acabei caindo em artigos dele, jovem e ativíssimo jornalista colaborando com dezenas de jornais e revistas de Paris. Comecei então a reunir esses textos, me interessando sobre o que Balzac escrevia sobre a moda e sobre a mesa.
De tudo isso saiu o “meu” Balzac: “Tratado da vida elegante — ensaios sobre a moda e a mesa” (Penguin/Companhia, papel e ebook).
Digo “meu” porque organizei, traduzi, escrevi uma longa introdução e fiz as notas da edição.
A ideia foi publicar material inédito em português, em que Balzac escreve sobre fru-frus, gravatas, rendas, restaurantes, ostras e biscoitos, cremes de beleza, charutos, bolinhos, etiqueta. Ao todo, são doze textos escritos nos anos1820-30: Tratado da vida elegante — Fisiologia da toalete — A arte de pôr a gravata — Estudo dos costumes pelas luvas — Sobre as palavras na moda — Teoria do andar — Apêndice de Código da toalete — O gastrônomo francês — Nova teoria do almoço — Fisiologia gastronômica — Fisiologia do charuto — Tratado dos excitantes modernos.
Houve época em que Balzac mais parecia um dandy, (relativamente) magro, sempre nos trinques,, com jabôs e calças xadrez como as da capa do livro, frequentando os ricos e famosos. Depois, engordava e posava com um camisolão aberto no peito (como na foto feita por Nadar).
Quanto à “mesa”, oscilou entre o frugal, quando estava escrevendo, e o comilão, quando entregava os originais ao editor e se empanturrava com 5 garrafas de vinho branco Vouvray e 100 ostras nos melhores restaurantes de Paris, ali pelas bandas do Palais-Royal. Com muito ou pouco trabalho, chegava a tomar diariamente cinquenta xícaras de café, justamente um dos “excitantes modernos”. O livro está cheio de histórias engraçadas, máximas e preceitos de bom gosto e elegância. Pinço alguns:
— “Uma gravata bem posta espalha-se como um perfume requintado por toda a roupa; é para a toalete o que a trufa é para um jantar.”
— “A gulodice é uma coisa não só lícita, mas autorizada; não só autorizada, mas aconselhada; não só aconselhada, mas recomendada; não só recomendada, mas receitada.”
— “O prazer de comer é a destinação mais evidente de nossos órgãos, a função mais habitual de nosso corpo, a necessidade mais imperiosa de nosso ser.”
— “Ir além da moda é se tornar uma caricatura, de quem devemos fugir.”
Sabia de tudo, esse Balzac.

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