Religião
08.09.2021
Não há mais judeus no Afeganistão
Não há mais judeus no Afeganistão. O último, Zabulon Simantov, 62 anos, foi embora. Já deve estar chegando aos EUA, ou já chegou. Ele partiu no fim de semana, véspera do ano novo judaico de 5782, cruzando a fronteira para outro país por terra, talvez o Paquistão ou o Turcomenistão. Em 19 de agosto, quando Simantov disse que não iria embora de Cabul, porque tinha que cuidar de sua sinagoga, numa rua chamada Flor, vários jornais internacionais, e este Frentao, publicaram artigos sobre ele. Até mesmo o Talibã assegurou que o último judeu estaria protegido agora que recobrava o poder no Afeganistão, perdido havia 20 anos, com a chegada dos americanos que partiram em 30 de agosto. Ao que indica a sigilosa fuga de Simantov, não deve ter sido fácil cruzar a fronteira. Enviados de uma empresa privada de segurança, cujo dono é um israelense-americano, Moti Kahana, o escoltaram, e ele levou 30 mulheres e crianças afegãs que também queriam fugir do Talibã. O medo de Simantov começou com os ataques do Estado Islâmico ao aeroporto de Cabul, durante a retirada de americanos, aliados e colaboradores afegãos que trabalharam para as forças internacionais que ocuparam o país. Até então ele vivia tranquilo na sinagoga, dando entrevistas. Bastava ao jornalista dizer o nome dele, e o motorista do táxi o levava direto à rua da Flor. Perguntaram-lhe por que ele descartava viver em Israel. Ele explicou que lá poderia ser preso por não dar o “get”, ou divórcio, à ex-mulher israelense, com quem teve duas filhas, e estão separados desde 1998. As informações disponíveis indicam que Simantov viajou para os Estados Unidos, onde tem família, e abandonou a sinagoga cujo destino, sem mais judeu no Afeganistão, deverá ser reformada para novas funções neste ano novo de 5782.